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VIDA TECNOLÓGICA E APRESSADA FAZ
DISPARAREM CASOS DE DISTÚRBIO DO SONO

Cerca de 40% dos brasileiros enfrentam algum transtorno relativo ao sono, cujo impacto é o desgaste físico e emocional

Por: Erica Hong Cabrera, Sophia Cabral e Thais Camargo

Andar pela casa, comer, utilizar o computador, ligar a televisão, olhar para todos os lados e não conseguir dormir. Essa é a realidade enfrentada por muitos brasileiros - cerca de 40% da população do país sofre de algum distúrbio de sono, segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os males incluem insônia, terror noturno, apneia e sonambulismo.

A psiquiatra Tâmia Magalhães revela que, nos últimos dez anos, a sociedade teve piora significativa no nível médio de qualidade do sono. "Vemos esse resultado com o aumento do número de pacientes com insônia, principalmente em rezão de uma sobrecarga de atividades".

 

Ela explica que o ritmo acelerado do cotidiano pode não ser a única causa dos problemas, mas certamente acentua os sintomas dos transtornos relacionados ao sono. "Quando se tem um cotidiano extremamente sobrecarregado, é muito difícil acalmar a mente para ter um descanso adequado". Ela diz que uma intensa quantidade de atividades diárias e a necessidade de organizá-las invadem o tempo que deveria ser dedicado ao descanso do corpo e da mente.


Insônia, paralisia do sono e crises de pesadelo são os distúrbios de sono enfrentados pela tecnóloga em manutenção de aeronaves Beatriz Bellanda Mello, 22 anos. Para ela, a maior dificuldade para lidar com os distúrbios é o cansaço por não dormir ou dormir mal. A privação de sono causa desconforto nas atividades do cotidiano, o que a deixa debilitada fisicamente. Outro problema são os pesadelos. "Eu não sei se é pior ficar acordada e cansada ou dormir e sonhar".

Tâmia também chama a atenção para o impacto da tecnologia nesse quadro. Ela relata que tanto a ampla comunicação que é feita por meio de aparelhos celulares como o estímulo visual que produzem funcionam como excitantes cerebrais; por isso, o ideal é que, antes de dormir, sejam feitas atividades que induzam o cérebro ao relaxamento.


A especialista em transtornos do sono Gisele Minhoto acrescenta que a luminosidade das telas destes equipamentos pode diminuir a secreção de melatonina, reduzindo a qualidade da noite de sono.

 

 

 

Apneia do sono: doença crônica causa paradas bruscas na respiração
 

A apneia de sono, também chamada de Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS), é uma doença crônica que causa paradas repetidas e temporárias na respiração enquanto a pessoa dorme.

A estudante de letras Amanda Miranda, 20 anos, sofre com paralisia do sono e apneia desde os 10 anos. Com o tempo, desenvolveu insônia, por conta das atividades diárias. Ela conta que a paralisia do sono é o que mais afeta a rotina, principalmente quando sofre com crises e não consegue chamar ajuda. "É desesperador: muitas vezes, eu demorava para voltar a dormir porque ficava pensando que aquilo podia acontecer de novo e de repente", desabafa.


A psiquiatra Tâmia e a especialista Gisele afirmam que a principal intervenção terapêutica feita para pacientes com algum transtorno é a higienização do sono. Para isso, devem ser estabelecidos horários regulares para dormir, além da ingestão de alimentos que produzam estímulos tranquilizantes. Em alguns casos, é recomendado o uso de medicamentos.

 

 

Terror noturno: distúrbio provoca alucinações durante o sono 

O terror noturno, também denominado pânico noturno, é um distúrbio de sono caracterizado por visões, alucinações e susto durante o sono, muitas vezes não lembrados após acordar. O distúrbio pode ser confundido com crises de pesadelos, diferenciando-se apenas pelo fator da ausência de lembrança.


Estudante de engenharia elétrica da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Daniel Rodolfo Garbi da Silva, 19 anos, teve duas experiências de terror noturno, e hoje não tem mais distúrbios sérios de sono. Ele conta que, na primeira crise, acordou durante a madrugada e teve uma alucinação na qual encontrou com um urso enorme ao pé da cama.

Na segunda ocasião, a alucinação levou Daniel a enxergar um gato, totalmente eriçado, em uma prateleira do quarto. O estudante chegou a se levantar da cama e sair correndo do quarto, para, segundo ele, defender-se do que imaginou ser um araque. "O fato de eu ter me levantado e corrido me deu a certeza de que não era um sonho", conta.

O rapaz diz que, na época, não tinha uma rotina muito atarefada e, que da mesma forma como os eventos ocorreram sem motivo aparente, despareceram repentinamente. "Hoje em dia não possuo distúrbios sérios de sono, apenas insônias ocasionais causadas pela rotina muito atarefada".


A comerciante Demecia Cabrera conta que a filha, Hellen Luana, 12 anos, já sofreu de terror noturno, aos oito anos. "Lembro de ter levantado, pois ouvi a Hellen chorando, e, quando cheguei ao quarto, ela estava soluçando de tanto chorar. Eu a chamava pelo nome, mas ela simplesmente não acordava", relata. "Ela também dizia coisas sem sentido e chegou a ficar apontando com o dedo para a parede", acrescenta.


Demecia ainda diz que Hellen não acordou e, da mesma forma que começou a chorar, parou e voltou a dormir. No dia seguinte, quando perguntaram à menina sobre o ocorrido, ela afirmou não se lembrar de nada, como é típico nesses casos.


 

 

Solução: medicamentos e tratamentos alternativos são boa alternativa

Para o tratamento dos múltiplos distúrbios de sono, é sempre indicado procurar um médico especialista e seguir as orientações, pois o uso de medicamentos sem prescrição médica pode gerar alguns sintomas indesejados.

A psiquiatra Tâmia Magalhães relata que, em geral, o uso de medicamento pode causar ganho de peso. Na classe dos indutores de sono, o maior problema é a possibilidade de surgimento precoce da demência. "Essas medicações geralmente causam um embotamento da mente, com dificuldade de raciocinar e lentidão do pensamento".

Já na classe dos antidepressivos, os maiores problemas são a diminuição da libido e do desejo sexual. Tâmia ressalva que, nos tratamentos de sono, esses medicamentos, geralmente, não são utilizados por um longo período de tempo; então, s reações nem sempre aparecem.


Além do uso de medicamentos convencionais, também existem tratamentos alternativos para os males, como homeopatia, fitoterapia e acupuntura. A primeira utiliza como base remédios homeopáticos, que são derivados de plantas, animais ou minerais. A homeopatia e a fitoterapia se utilizam de plantas medicinais para o tratamento das doenças.


Já a acupuntura, que é inspirada na medicina oriental, atua tanto para a recuperação de paciente com problemas respiratórios, musculares, psicológicos e neurológicos, como para a prevenção desses problemas. Ela consiste na estimulação de determinados pontos do corpo por meio de agulhas extremamente finas.


A psiquiatra Tâmia afirma que esses tratamentos vêm apresentando resultados positivos em problemas de grau leve relacionados ao sono.

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